Novo Ensino Médio em Mato Grosso: a formação continuada de professores no contexto da rede estadual de Educação

Resumo

Como uma nova política educacional em consolidação, o Novo Ensino Médio (NEM) tem promovido drásticas mudanças na estrutura organizacional desta etapa da Educação Básica, com impactos no perfil profissional dos professores e, consequentemente, na oferta de formação continuada pelas redes de ensino. Ao considerar que cada sistema educacional possui autonomia para gerir os processos formativos, objetivou-se descrever e analisar como o Estado de Mato Grosso têm desenvolvido suas ações para proporcionar capacitação aos professores vinculados à sua rede. Quanto ao recorte temporal, este foi estabelecido entre o final de 2018, quando foram realizadas as primeiras ações para viabilizar o NEM no Estado, e o primeiro semestre de 2023, que é o momento de finalização deste estudo (e pelos quais as ações ainda se concretizam). Para tanto, a metodologia adotada foi a de pesquisa qualitativa do tipo documental, com análise dos textos relacionados à temática, que foram publicados no Diário Oficial de Mato Grosso e em outros canais oficiais da Secretaria de Estado de Educação (SEDUC-MT). Como resultados, a partir dos 16 documentos analisados, verificou-se que a formação continuada de professores foi inicialmente negligenciada até a difusão massiva de plataformas educacionais, oriundas de contratos ou parcerias com empresas privadas (ou com instituições filantrópicas originadas de grupos empresariais), com cursos para formação em larga escala, de caráter instrumental e homogêneo (para atender todos os docentes, independentemente de seu perfil profissional ou de seu contexto escolar). Por fim, identifica-se contradições no modelo formativo ofertado pela rede estadual de Educação, uma vez que as capacitações não oferecem os subsídios necessários para atender às demandas formativas, ao mesmo tempo em que os sobrecarregam com um rol diversificado de planejamentos e currículos (disciplinas por área de conhecimento, eletivas, trilhas de aprofundamento, projeto de vida e formação profissionalizante) e excessiva carga-horária de cursos.