Interfaces entre Filosofia da Química e Educação Química: diálogos inadiáveis para a educação contemporânea
DOI:
https://doi.org/10.56117/resbenq.2024.v5.e052411Palavras-chave:
Filosofia da Química, Educação Química, InterfacesResumo
Desde a década de 1990, a Filosofia da Química tem se constituído formalmente como campo disciplinar e, ao longo desses quase trinta anos de trajetória, tem buscado se consolidar dentro dos pilares da Educação Química, auxiliando os professores da área na elucidação, delineamento, seleção, compreensão e contextualização de diferentes núcleos problematizadores, a partir de suas contribuições nas dimensões ontológicas, epistemológicas, heurístico-metodológicas, axiológicas e relativas à mediação didática e ao conhecimento pedagógico do conteúdo. Entretanto, apesar de seu inegável crescimento, representado em inúmeros trabalhos de investigação, desdobramentos teóricos, grupos de pesquisa, eventos e publicações, esse processo histórico não se deu de forma linear ou mesmo articulada, de modo que, em seu desenvolvimento, as fronteiras se tornaram mais nítidas e as interfaces cada vez mais opacas. O objetivo deste trabalho é refletir sobre o potencial que a relação entre os campos disciplinares Filosofia/Educação representa para o ensino de química na sociedade contemporânea. Para tanto, utilizamos uma metodologia descritivo-interpretativa, baseada em uma perspectiva qualitativa vinculada a diálogos reflexivos com a literatura. Os resultados mostram três interfaces possíveis decorrentes da interação entre os eixos que compõem a tríade Química-Filosofia-Educação que são discutidas de forma sequencial: Currículo, Formação Profissional e Didática da Química. As considerações finais desta pesquisa, apontam para o fato de que esses diálogos são cada vez mais urgentes e que as interlocuções entre a Filosofia da Química e a Educação Química convergem em torno ao desafio de transformar as formas clássicas de ensinar e aprender essa ciência diante de fenômenos dinâmicos, diversos e de complexidade crescente.
Referências
Agamben, G. (2009). O que é o contemporâneo? e outros ensaios (V. N. Honesko, Trad.). Argos.
Bensaude-Vincent, B. & Stengers, I. (2023). História da Química (F. J. Luna, Trad.). Editora da Unicamp.
Chamizo, J. A. (2001). El Curriculum oculto en la enseñanza de la química. Educación Química, 12(4), 194-198. https://doi.org/10.22201/fq.18708404e.2001.4.66325
Chamizo, J. A., & Garritz, A. (2011). Hacia una reconstrucción del currículo de la química. Proceedings 1ª Conferência Latinoamericana do International History, Philosophy, and Science Teaching Group. São Paulo.
Campestrini, D., Vandresen, V., & Paulino, L. (2005). Interdisciplinaridade: a filosofia como instrumento de diálogo entre as ciências. Revista ACB, 5(5),145–167. https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/353
Garritz, A. (2010). La enseñanza de la química para la sociedad del siglo XXI, caracterizada por la incertidumbre. Revista Educación Química, 21(1), 2-15. https://doi.org/10.1016/S0187-893X(18)30066-1
Gois, J., & Ribeiro, M. A. P. (2019). Filosofia da Química no Brasil. Editora Fi. https://www.editorafi.org/_files/ugd/48d206_991220be3a074358a3bc5b8cd4f4392f.pdf
Kavalek, D. S., Souza, D.O. de., Del Pino, J.C., & Ribeiro, M.A.P. (2015). Filosofia e História da Química para educadores em Química. História da Ciência e Ensino, 12, 1-13. https://revistas.pucsp.br/index.php/hcensino/article/view/21917/17938
Labarca, M. (2006). La filosofía de la química y su impacto em la educación química. Educación en la Química, Revista de la Asociación de Docentes en Enseñanza de la Química de la República Argentina (ADEQRA), 12(2), 59-71. https://www.researchgate.net/publication/351082997_La_Filosofia_de_la_Quimica_y_su_impacto_en_la_Educacion_en_Quimica
Labarca, M., Bejarano, N., & Eichler, M.L (2013). Química e Filosofia: Rumo a uma frutífera colaboração. Revista Química Nova, 36(8), 1256-1266. https://doi.org/10.1590/S0100-40422013000800027
Lemes, A. F. G., & Porto, P. A. (2013). Introdução à filosofia da química: uma revisão bibliográfica das questões mais discutidas na área e sua importância para o ensino de química. Revista Brasileira De Pesquisa Em Educação Em Ciências, 13(3), 121–147. https://periodicos.ufmg.br/index.php/rbpec/article/view/4274
Lincoln, Y. S., & Guba, E. G. (1985). Naturalistic Inquiry. Sage Publications, Inc.
Miles, M. B., & Huberman, A. M. (1994). Qualitative data analysis: An expanded sourcebook (2nd ed.). Sage Publications.
Ribeiro, M. A. P. (2016). A emergência da Filosofia da Química como campo disciplinar. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 16(2), 215-236. https://periodicos.ufmg.br/index.php/rbpec/article/view/4373
Ribeiro, M.A. P. (2017). Panorama histórico da relação entre Filosofia e Química. Educação Química En Punto de Vista, 1(2), 21-41. https://doi.org/10.30705/eqpv.v1i2.977
Ribeiro, M. A. P. (2021). Perspectivas não fisicalistas na didática da química. Educació química, 29, 28-32. https://raco.cat/index.php/EduQ/article/view/407757
Ribeiro, M. A. P., & Bejarano, N.R.R. (2018). Filosofia da química e currículo: conexões possíveis. In S. Seno Chibeni, Zaterka, L, Ahumada, J, Letzen, D, Silva, C.S, Martins, L.A.P., & Brito, A.P.O.P.M. de (Eds.), Filosofía e Historia de la Ciencia em el Cono Sur (pp. 337–370). Asociación de Filosofía e Historia de la Ciencia del Cono Sur (AFHIC). https://www.academia.edu/download/65469692/afhic_x_online_final.pdf#page=331
Ribeiro M. A. P., Pereira D. C. (2013). Constitutive Pluralism of Chemistry: Thought Planning, Curriculum, Epistemological and Didactic Orientations. Science & Education, 22, 1809–1837. https://doi.org/10.1007/s11191-011-9434-4
Scerri, E. (2000). The Failure of Reduction and How to Resist the Disunity of the Sciences in the Context of Chemical Education. Science & Education, 9(5), 405– 425. https://doi.org/10.1023/A:1008719726538
Scerri, E. (2001). The new philosophy of chemistry and its relevance to chemical education. Chemistry Education Research and Practice, 2, 165– 170. http://dx.doi.org/10.1039/B1RP90016A
Schummer, J. (2006). The philosophy of chemistry: From infancy towards maturity. In D. Baird, E. Scerri, & L. MacIntyre (Eds.), Philosophy of chemistry: Synthesis of a new discipline (pp. 19–39). Springer.
Silva, L. B. da., Barreto, U. R., Bejarano, N. R. R., & Ribeiro, M. A. P. (2018). A filosofia da ciência e a filosofia da química: uma perspectiva contemporânea. Revista Ideação, Ed. Especial, 393-423. https://doi.org/10.13102/ideac.v0i0.3020
Sjöström, J. (2007). The Discourse of Chemistry (and Beyond). HYLE – International Journal for Philosophy of Chemistry, 13(2), 83-97. http://www.hyle.org/journal/issues/13-2/sjostrom.pdf
Sjöström, J., & Talanquer, V. (2014). Humanizing chemistry education: From simple contextualization to multifaceted problematization. Journal of Chemical Education, 91(8), 1125-1131. https://doi.org/10.1021/ed5000718
Talanquer, V. (2004). Formación docente: ¿Qué conocimiento distingue a los buenos maestros de química? Educación Química, 15(1), 60-66. https://doi.org/10.22201/fq.18708404e.2004.1.66216
Talanquer, V. (2021). Atendiendo a la historia y la filosofía de la química en la conceptualización y desarrollo del currículo. Educació química, 29, 7-11. https://raco.cat/index.php/EduQ/article/view/407754
Publicado
Edição
Seção
Licença Creative Commons
Todas as publicações da Revista da Sociedade Brasileira de Ensino de Química estão licenciadas sob licença Creative Commons Attribution 4.0 International License. (CC BY 4.0).
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attributionque permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line(ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).