Interfaces entre Filosofia da Química e Educação Química: diálogos inadiáveis para a educação contemporânea

Authors

  • Néstor Alexander Zambrano-González Universidade Estadual de Campinas

DOI:

https://doi.org/10.56117/resbenq.2024.v5.e052411

Keywords:

Philosophy of Chemistry, Chemical Education, Interfaces

Abstract

Desde a década de 1990, a Filosofia da Química tem se constituído formalmente como campo disciplinar e, ao longo desses quase trinta anos de trajetória, tem buscado se consolidar dentro dos pilares da Educação Química, auxiliando os professores da área na elucidação, delineamento, seleção, compreensão e contextualização de diferentes núcleos problematizadores, a partir de suas contribuições nas dimensões ontológicas, epistemológicas, heurístico-metodológicas, axiológicas e relativas à mediação didática e ao conhecimento pedagógico do conteúdo. Entretanto, apesar de seu inegável crescimento, representado em inúmeros trabalhos de investigação, desdobramentos teóricos, grupos de pesquisa, eventos e publicações, esse processo histórico não se deu de forma linear ou mesmo articulada, de modo que, em seu desenvolvimento, as fronteiras se tornaram mais nítidas e as interfaces cada vez mais opacas. O objetivo deste trabalho é refletir sobre o potencial que a relação entre os campos disciplinares Filosofia/Educação representa para o ensino de química na sociedade contemporânea. Para tanto, utilizamos uma metodologia descritivo-interpretativa, baseada em uma perspectiva qualitativa vinculada a diálogos reflexivos com a literatura. Os resultados mostram três interfaces possíveis decorrentes da interação entre os eixos que compõem a tríade Química-Filosofia-Educação que são discutidas de forma sequencial: Currículo, Formação Profissional e Didática da Química. As considerações finais desta pesquisa, apontam para o fato de que esses diálogos são cada vez mais urgentes e que as interlocuções entre a Filosofia da Química e a Educação Química convergem em torno ao desafio de transformar as formas clássicas de ensinar e aprender essa ciência diante de fenômenos dinâmicos, diversos e de complexidade crescente.

Author Biography

Néstor Alexander Zambrano-González, Universidade Estadual de Campinas

Doutor em Educação pela Universidade Estadual de Campinas, Mestre em Educação e Licenciado em Química pela Universidad Distrital Francisco José de Caldas. Atualmente, pós-doutorando no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo.

References

Agamben, G. (2009). O que é o contemporâneo? e outros ensaios (V. N. Honesko, Trad.). Argos.

Bensaude-Vincent, B. & Stengers, I. (2023). História da Química (F. J. Luna, Trad.). Editora da Unicamp.

Chamizo, J. A. (2001). El Curriculum oculto en la enseñanza de la química. Educación Química, 12(4), 194-198. https://doi.org/10.22201/fq.18708404e.2001.4.66325

Chamizo, J. A., & Garritz, A. (2011). Hacia una reconstrucción del currículo de la química. Proceedings 1ª Conferência Latinoamericana do International History, Philosophy, and Science Teaching Group. São Paulo.

Campestrini, D., Vandresen, V., & Paulino, L. (2005). Interdisciplinaridade: a filosofia como instrumento de diálogo entre as ciências. Revista ACB, 5(5),145–167. https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/353

Garritz, A. (2010). La enseñanza de la química para la sociedad del siglo XXI, caracterizada por la incertidumbre. Revista Educación Química, 21(1), 2-15. https://doi.org/10.1016/S0187-893X(18)30066-1

Gois, J., & Ribeiro, M. A. P. (2019). Filosofia da Química no Brasil. Editora Fi. https://www.editorafi.org/_files/ugd/48d206_991220be3a074358a3bc5b8cd4f4392f.pdf

Kavalek, D. S., Souza, D.O. de., Del Pino, J.C., & Ribeiro, M.A.P. (2015). Filosofia e História da Química para educadores em Química. História da Ciência e Ensino, 12, 1-13. https://revistas.pucsp.br/index.php/hcensino/article/view/21917/17938

Labarca, M. (2006). La filosofía de la química y su impacto em la educación química. Educación en la Química, Revista de la Asociación de Docentes en Enseñanza de la Química de la República Argentina (ADEQRA), 12(2), 59-71. https://www.researchgate.net/publication/351082997_La_Filosofia_de_la_Quimica_y_su_impacto_en_la_Educacion_en_Quimica

Labarca, M., Bejarano, N., & Eichler, M.L (2013). Química e Filosofia: Rumo a uma frutífera colaboração. Revista Química Nova, 36(8), 1256-1266. https://doi.org/10.1590/S0100-40422013000800027

Lemes, A. F. G., & Porto, P. A. (2013). Introdução à filosofia da química: uma revisão bibliográfica das questões mais discutidas na área e sua importância para o ensino de química. Revista Brasileira De Pesquisa Em Educação Em Ciências, 13(3), 121–147. https://periodicos.ufmg.br/index.php/rbpec/article/view/4274

Lincoln, Y. S., & Guba, E. G. (1985). Naturalistic Inquiry. Sage Publications, Inc.

Miles, M. B., & Huberman, A. M. (1994). Qualitative data analysis: An expanded sourcebook (2nd ed.). Sage Publications.

Ribeiro, M. A. P. (2016). A emergência da Filosofia da Química como campo disciplinar. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 16(2), 215-236. https://periodicos.ufmg.br/index.php/rbpec/article/view/4373

Ribeiro, M.A. P. (2017). Panorama histórico da relação entre Filosofia e Química. Educação Química En Punto de Vista, 1(2), 21-41. https://doi.org/10.30705/eqpv.v1i2.977

Ribeiro, M. A. P. (2021). Perspectivas não fisicalistas na didática da química. Educació química, 29, 28-32. https://raco.cat/index.php/EduQ/article/view/407757

Ribeiro, M. A. P., & Bejarano, N.R.R. (2018). Filosofia da química e currículo: conexões possíveis. In S. Seno Chibeni, Zaterka, L, Ahumada, J, Letzen, D, Silva, C.S, Martins, L.A.P., & Brito, A.P.O.P.M. de (Eds.), Filosofía e Historia de la Ciencia em el Cono Sur (pp. 337–370). Asociación de Filosofía e Historia de la Ciencia del Cono Sur (AFHIC). https://www.academia.edu/download/65469692/afhic_x_online_final.pdf#page=331

Ribeiro M. A. P., Pereira D. C. (2013). Constitutive Pluralism of Chemistry: Thought Planning, Curriculum, Epistemological and Didactic Orientations. Science & Education, 22, 1809–1837. https://doi.org/10.1007/s11191-011-9434-4

Scerri, E. (2000). The Failure of Reduction and How to Resist the Disunity of the Sciences in the Context of Chemical Education. Science & Education, 9(5), 405– 425. https://doi.org/10.1023/A:1008719726538

Scerri, E. (2001). The new philosophy of chemistry and its relevance to chemical education. Chemistry Education Research and Practice, 2, 165– 170. http://dx.doi.org/10.1039/B1RP90016A

Schummer, J. (2006). The philosophy of chemistry: From infancy towards maturity. In D. Baird, E. Scerri, & L. MacIntyre (Eds.), Philosophy of chemistry: Synthesis of a new discipline (pp. 19–39). Springer.

Silva, L. B. da., Barreto, U. R., Bejarano, N. R. R., & Ribeiro, M. A. P. (2018). A filosofia da ciência e a filosofia da química: uma perspectiva contemporânea. Revista Ideação, Ed. Especial, 393-423. https://doi.org/10.13102/ideac.v0i0.3020

Sjöström, J. (2007). The Discourse of Chemistry (and Beyond). HYLE – International Journal for Philosophy of Chemistry, 13(2), 83-97. http://www.hyle.org/journal/issues/13-2/sjostrom.pdf

Sjöström, J., & Talanquer, V. (2014). Humanizing chemistry education: From simple contextualization to multifaceted problematization. Journal of Chemical Education, 91(8), 1125-1131. https://doi.org/10.1021/ed5000718

Talanquer, V. (2004). Formación docente: ¿Qué conocimiento distingue a los buenos maestros de química? Educación Química, 15(1), 60-66. https://doi.org/10.22201/fq.18708404e.2004.1.66216

Talanquer, V. (2021). Atendiendo a la historia y la filosofía de la química en la conceptualización y desarrollo del currículo. Educació química, 29, 7-11. https://raco.cat/index.php/EduQ/article/view/407754

Published

2024-12-20