Proposições Hermenêuticas à Filosofia da Educação Química
DOI:
https://doi.org/10.56117/resbenq.2024.v5.e052406Palavras-chave:
Filosofia da Química, Filosofia da Educação Química, HermenêuticaResumo
Este texto apresenta a proposição de uma Filosofia da Educação Química em uma visão hermenêutica. Em um exercício ensaístico, parte de elementos de um campo específico de Filosofia da Educação em Ciências, proposto na década de 90 e estruturado nas décadas seguintes como uma articulação de três campos - Filosofia, Filosofia da Educação e Filosofia da Ciência/História da Ciência. Este campo nos possibilita pensarmos em uma Filosofia da Educação Química, assim como no campo de origem, em articulação entre Filosofia, Filosofia da Educação e Filosofia da Química/História da Química. Com foco no campo Filosofia da Química/História da Química, apontamos, então, para uma necessidade de olharmos para estas, junto com a Filosofia e a Filosofia da Educação como áreas do conhecimento cuja relação permite propor uma Filosofia da Educação Química. Posteriormente, procuramos articular a Filosofia da Educação Química a visão da Hermenêutica Filosófica do filósofo alemão Hans-Georg Gadamer. Esta proposição nasce incentivada pela mesma produção que origina a Filosofia da Educação em Ciências nos anos 90 e que produziu repercussões até a atualidade. Aproximamos, portanto, o campo de Filosofia da Química à Filosofia da Ciência Hermenêutica (Continental) cuja tradição explicita modos de pensar as ciências naturais pela via fenomenológica e hermenêutica. Finalmente, aproximamos conceitos da hermenêutica de Gadamer (ontologia, linguagem, método, verdade e outros) a alguns interlocutores da Filosofia da Química, de modo a evidenciar potencialidades à Filosofia da Educação Química pela via hermenêutica, aqui apresentadas como considerações são iniciais.
Referências
Abadía, O. M. (2011). Hermeneutical contributions to the history of science: Gadamer on ‘presentism’. Studies in History and Philosophy of Science Part A, 42(2), 372-380. https://doi.org/10.1016/j.shpsa.2010.12.003.
Babich, B. E. (2010). Early Continental Philosophy of Science. In K. Ansell-Pearson, & A. D. Schrift (Eds.), The New Century: Bergsonism, Phenomenology, and responses to modern science (1st ed., pp. 263-286). Routledge.
Babich, B. E. (2016). Hermeneutic philosophy of science: Interpreting nature, reading laboratory science. In N. Keane, & C. Lawn (Eds.), The Blackwell Companion to Hermeneutics (1st ed., pp. 492-504). John Wiley & Sons.
Bernstein, R. (1983). Beyond Objectivism and Relativism: Science, Hermeneutics, and Praxis. University of Pennsylvania Press.
Berticelli, I. A. (2004). A origem normativa da prática educacional na linguagem. Editora Unijuí.
Borda, E. J. (2007). Applying Gadamer’s concept of disposition to science and science education. Science & Education, 16, 1027-1041. https://doi.org/10.1007/s11191-007-9079-5
Bouterse, J. (2016). Nature and history: towards a hermeneutic philosophy of historiography of science [Doctoral Thesis, Leiden University]. Leiden University, Scholarly Publications. https://hdl.handle.net/1887/38041
Brinkmann, M. (2018). Phenomenological theory of Bildung and education. In M. A. Peters (Ed.), Encyclopedia of Educational Philosophy and Theory (1st ed., pp. 1784-1790). Springer Nature.
Buck, G., & Brinkmann, M. (2019). Lernen und Erfahrung. Epagogik. Springer VS.
Capovilla, C., & Silva Júnior, A. F. da. (2016). A reabilitação da Tradição Humanista como experiência de verdade em Hans-Georg Gadamer. Pensando - Revista de Filosofia, 7(13), 239-276. https://doi.org/10.26694/pensando.v7i13.5058
Carmo, A. P. C. (2024). Por uma educação em ciências nos caminhos da hermenêutica filosófica: articulações entre Bildung e experiência estética ao ensino de física [Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Paraná]. DSPACE – Biblioteca Digital. https://hdl.handle.net/1884/87627
Carmo, A. P. C. do, Sousa, R. S., & Galiazzi, M. C. (2023). Uma filosofia da educação em ciências no horizonte da hermenêutica filosófica. Prometeica - Revista de Filosofía Y Ciencias, 27, 39–55. https://doi.org/10.34024/prometeica.2023.27.14749
Crease, R. P. (2013). Hermenêutica e ciências naturais: introdução. Ekstasis: Revista de Hermenêutica e Fenomenologia, 1(2), 163-176. https://doi.org/10.12957/ek.2012.5215
Dahlin, B. (2003). The ontological reversal: a figure of thought of importance for science education. Scandinavian Journal of Educational Research, 47(1), 77-88.
Donnelly, J. (2002). Instrumentality, hermeneutics and the place of science in the school curriculum. Science & Education, 11, 135-153. https://doi.org/10.1023/A:1014474422345
Eger, M. (1992). Hermeneutics and science education: An introduction. Science & Education, 1, 337-348. https://doi.org/10.1007/BF00430961
Eger, M. (1993a). Hermeneutics as an approach to science: Part I. Science & Education, 2, 1-29. https://doi.org/10.1007/BF00486659
Eger, M. (1993b). Hermeneutics as an approach to science: Part II. Science & Education, 2, 303-328. https://doi.org/10.1007/BF00488169
Eger, M. (2006). Science, understanding, and justice: The philosophical essays of Martin Eger. Open Court.
Erduran, S., Bravo, A. A., & Naaman, R. M. (2007). Developing epistemologically empowered teachers: examining the role of philosophy of chemistry in teacher education. Science & Education, 16, 975–989. https://doi.org/10.1007/s11191-006-9072-4
Erduran, S., & Kaya, E. (2019). Transforming teacher education through the epistemic core of chemistry: Empirical evidence and practical strategies. Springer Nature Switzerland AG.
Flickinger, H.-G. (2010). A caminho de uma pedagogia hermenêutica. Autores Associados.
Flickinger, H.-G. (2014). Gadamer & a Educação. Grupo Autêntica.
Freudenthal, G. (1988). The hermeneutical status of the history of science: The views of Hélène Metzger. In E. Ullmann-Margalit (Ed.), Science in reflection: The Israel Colloquium: Studies in History, Philosophy, and Sociology of Science. Volume 3. (1st ed., pp. 123-144). Springer Netherlands.
Gadamer, H.-G. (2015). Verdade e método I: traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica. Vozes/Editora Universitária São Francisco.
Galiazzi, M. C., & Sousa, R. S. (2023). O programa de pesquisa de Martin Eger: princípios da Hermenêutica Filosófica na Educação em Ciências. Educação em Revista, 39, 1-19. https://doi.org/10.1590/0102-469838834
Garcia, M. S., & Sousa, R. S. (2021). A educação filosófica de professores de Química no Estado do Paraná. Revista Dynamis, 27(1), 115-136. https://doi.org/10.7867/1982-4866.2021v27n1p115-136
Ginev, D. (1999). On the hermeneutic fore-structure of scientific research. Continental Philosophy Review, 32(2), 143-168. https://doi.org/10.1023/A:1006966329046
Gois, J. (2017). Filosofia do ensino de ciências: significação e representações químicas. Editora Unijuí.
Gois, J. (2019). Filosofia do Ensino de Ciências e de Química. Revista Debates em Ensino de Química, 5(2), 5-18.
Grondin, J. (2012). Hermenêutica. Parábola Editorial.
Heelan, P. (1991). Hermeneutical Phenomenology and the Philosophy of Science. In H. J. Silverman (Ed.), Gadamer and Hermeneutics: Science, Culture, and Literature (1st ed., pp. 213-228). Routledge.
Hermann, N. (2002). Hermenêutica e Educação. DP&A.
Hermann, N. (2010). Autocriação e horizonte comum: ensaios sobre educação ético-estética. Editora Unijuí.
Hermann, N. (2017). Ética & educação: outra sensibilidade. Autêntica.
Höttecke, D. (2001). Die Natur der Naturwissenschaften historisch verstehen: Fachdidaktische und wissenschaftshistorische Untersuchungen. Logos-Verlag.
Kim, M. G. (2014). Stabilizing chemical reality: The analytic-synthetic ideal of chemical species. HYLE-International Journal for Philosophy of Chemistry, 20(1), 117-139.
Laszlo, P. (2013). Towards teaching Chemistry as a language. Science & Education, 22, 1669-1706. https://doi.org/10.1007/s11191-011-9408-6
Lawn, C., & Keane, N. (2011). The Gadamer Dictionary. A&C Black.
Leiviskä, A. (2016). Hans-Georg Gadamer’s Philosophical Hermeneutics in the Philosophy of Education: Beyond Modernism and Postmodernism. Unigrafia, University of Helsinki.
Matthews, M. R. (2014). International Handbook of Research in History, Philosophy and Science Education. Springer.
Matthews, M. R. (2017) La enseñanza de la ciencia. Un enfoque desde la historia y la filosofía de la ciencia. FCE.
Orlandin, G. C., Sousa, R. S., & Galiazzi, M. C. (2023). Linguagem da química na educação química: entre caminhos epistemológicos e hermenêuticos. Travessias, 17(1), 1-17. https://doi.org/10.48075/rt.v17i1.30201
Pelech, S. (2015). What does it mean to teach Biology well? A hermeneutic inquiry [Doctoral dissertation, University of Calgary]. PRISM Repository. https://prism.ucalgary.ca/server/api/core/bitstreams/82466afd-0795-402c-83d9-386c704f7803/content
Ribeiro, M. A. P. (2014). Integração da filosofia da química no currículo de formação inicial de professores: contributos para uma filosofia do ensino [Tese de Doutorado, Universidade de Lisboa]. Repositório da Universidade de Lisboa. https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/12152/1/ulsd069011_td_tese.pdf
Schenk, S. (2020). Hermeneutik. In G. Weiß, & J. Zirfas (Eds.), Handbuch Bildungs- und Erziehungsphilosophie (1st ed., pp. 615–627). Springer.
Schenk, S., & Pauls, T. (2014). Aus Erfahrung lernen: Anschlüsse an Günther Buck. Brill, Schöningh.
Schulz, R. (2004). Naturwissenschaftshermeneutik: eine Philosophie der Endlichkeit in historischer, systematischer und angewandter Hinsicht. Königshausen & Neumann.
Schulz, R. M. (2009). Reforming science education: Part I. The search for a philosophy of science education. Science & Education, 18, 225-249. https://doi.org/10.1007/s11191-008-9167-1
Schulz, R. M. (2010). On the way to a philosophy of science education [Tese de Doutorado, Simon Fraser University]. Summit Research Repository. https://summit.sfu.ca/item/10045
Schulz, R. M. (2014). Rethinking science education. Philosophical perspectives. IAP.
Schummer, J. (2006). The philosophy of chemistry: from infancy toward maturity. In D. Baird, E. Scerri, & L. McIntyre (Eds.), Philosophy of chemistry: Synthesis of a new discipline (1st ed., pp. 19-39) Springer Netherlands.
Schummer, J. (2015). The methodological pluralism of chemistry and its philosophical implications. In E. Scerri, & L. McIntyre (Eds.), Philosophy of chemistry: growth of a new discipline (1st ed., pp. 57-72). Springer.
Sousa, R. S. (2016). A hermenêutica filosófica no horizonte da Educação Química: O professor de Química como tradutor-intérprete de uma tradição de linguagem [Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio Grande] Argo FURG. https://sistemas.furg.br/sistemas/sab/arquivos/bdtd/0000011446.pdf
Sousa, R. S., & Galiazzi, M. C. (2017). Traços da hermenêutica filosófica na educação em ciências: possibilidades à educação química. Alexandria: Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, 10(2), 279-304. https://doi.org/10.5007/1982-5153.2017v10n2p279
Sousa, R. S., & Galiazzi, M. C. (2018) A tradição de linguagem em Gadamer e o professor de química como tradutor-intérprete. ACTIO: Docência em Ciências, 3(1), 268-285. https://doi.org/10.3895/actio.v3n1.7431
Sousa, R. S., & Galiazzi, M. C. (2019). Experiências estéticas na pesquisa em Educação Química: emergências investigativas na formação de professores de Química em uma comunidade aprendente. Revista de Educação, Ciências e Matemática, 9(2), 107-126.
Sousa, R. S., Santos, A. R., & Galiazzi, M. C. (2019). A filosofia na formação de professores de química em Minas Gerais: o que se mostra nos componentes curriculares de licenciaturas em química. Química Nova na Escola, 41(4), 399-413. https://doi.org/10.21577/0104-8899.20160162
Talanquer, V. (2011). School Chemistry: The Need for Transgression. Science & Education, 22, 1757-1773. https://doi.org/10.1007/s11191-011-9392-x
Uljens, M. (1997). School didactics and learning: A school didactic model framing an analysis of pedagogical implications of learning theory. Psychology Press.
Woyke, A. (2004). Die Entwicklung einer aprozessualen Welt-und Naturdeutung in der abendländischen Geistesgeschichte und ihre Bedeutung für die "Ausblendung des Prozessualen" in Chemie und Chemieunterricht [Tese de Doutorado, Universität Siegen]. OPUS Siegen. https://dspace.ub.uni-siegen.de/bitstream/ubsi/59/1/woyke.pdf
Publicado
Edição
Seção
Licença Creative Commons
Todas as publicações da Revista da Sociedade Brasileira de Ensino de Química estão licenciadas sob licença Creative Commons Attribution 4.0 International License. (CC BY 4.0).
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attributionque permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line(ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).