De um Simples Modelo à Complexidade de um Sistema Dinâmico: a transformação dos estados físicos e a tempestade

Autores

  • Paulo Vitor Teodoro Universidade Federal de Uberlândia
  • Paulo Salles Universidade de Brasília
  • Ricardo Gauche Universidade de Brasília

DOI:

https://doi.org/10.56117/resbenq.2024.v5.e052407

Palavras-chave:

Inteligência Artificial, Modelagem, Ensino de Ciências

Resumo

O presente estudo apresenta resultados de uma pesquisa que buscou se apropriar de técnicas da Inteligência Artificial (IA), por meio do Raciocínio Qualitativo (RQ), para representar funções matemáticas sem o uso de números e com relações de causalidade explicitamente identificadas, para a construção de modelos qualitativos de simulação no ensino de Ciências e Química. Estudos anteriores demonstram o potencial do RQ para abordar sistemas dinâmicos por meio de atividades que exploram, com o apoio de modelos de simulação, o uso de raciocínio hipotético – dedutivo para analisar conceitos complexos, e ampliar o leque de materiais e atividades disponíveis para os professores. Para tanto, adotamos a plataforma de modelagem DynaLearn (www.dynalearn.eu), um software de interface gráfica, com seis níveis de aprendizagem, denominados Learning Spaces (LS), gradativamente mais complexos, que facilitam a construção de modelos e a apresentação dos resultados de simulações.  Dessa forma, construímos um conjunto de três modelos qualitativos capazes de descrever a transição dos estados de agregação da água, assim como os seus processos envolvidos. Iniciamos com um simples modelo, para representar a transição dos estados físicos da água. Ainda que sem uma explicação causal, o modelo sinaliza pontos e intervalos, evidenciando que uma substância não altera o seu estado de agregação, sem antes iniciar e findar a mudança de cada estado. Depois, o ampliamos o cenário, incluindo diferentes relações de causalidade e processos. Em seguida, contextualizamos os modelos a partir da aplicação em um fenômeno natural, que constantemente acontece no Brasil: o caso das tempestades. Os modelos trazidos, neste texto, são potentes para serem utilizados no ensino de Ciências e Química, apresentando a principal explicação para a transição dos estados físicos, que dificilmente são abordados em sala de aula: as trocas de energia.

Biografia do Autor

Paulo Vitor Teodoro, Universidade Federal de Uberlândia

Licenciado em Química e Mestre em Ensino de Ciências e Matemática pela Universidade Federal de Uberlândia. É Doutor em Educação em Ciências pela Universidade de Brasília (UnB). Atuou como professor de Ciências e Química em escolas públicas e particulares da Educação Básica, com experiência no Ensino Fundamental, no Ensino Médio e na Educação de Jovens e Adultos. Foi professor efetivo no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano (IF Goiano), onde exerceu os cargos de Coordenador de Iniciação Científica e Tecnológica, Gerente de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação, Coordenador do Programa de Pós-Graduação (Lato Sensu) em Ensino de Ciências e Matemática e Coordenador Adjunto do Programa Novos Caminhos/MEC. Atualmente, é professor no Instituto de Ciências Exatas e Naturais do Pontal (ICENP) da UFU, onde integra o quadro de docentes permanentes do Programa de Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática. Tem experiência na área de Educação, discutindo principalmente os seguintes temas: práticas pedagógicas na educação básica, tecnologias educacionais, didática, estágio supervisionado, ensino de ciências e educação ambiental.

Paulo Salles, Universidade de Brasília

Paulo Salles é graduado em Ciências Biológicas (Bacharelado em 1976; Licenciatura em 1982) e mestrado em Ecologia (1988), pela Universidade de Brasília (UnB). Em 1998, recebeu o grau de PhD em Ecologia pela Universidade de Edimburgo (Escócia). De 1989 a 1991, lecionou na Universidade Católica de Brasília; em 1991 ingressou no Instituto de Ciências Biológicas da UnB e, em 2014, aposentou-se como Professor Associado. Paulo Salles tem feito pesquisas em Ecologia, com foco em ecologia teórica, e no uso de técnicas de Inteligência Artificial (Raciocínio Qualitativo) na modelagem ecológica, em pesquisas científicas e na educação científica para estudantes de ensino superior e em educação continuada para professores de educação básica. Paulo Salles foi o co-Presidente brasileiro do comitê organizador (International Steering Committee - ISC) do 8º Fórum Mundial da Água, realizado em Brasília (2018). Foi membro do Colegiado de Governadores do Conselho Mundial da Água (World Water Council) e membro do Bureau (diretoria executiva) desse Colegiado (2019 - 2020). e, entre 2019 e 2022 foi membro do ISC do 9º Fórum Mundial da Água, realizado em Dakar, Senegal, 2022. Entre 2021 e 2022 atuou como consultor ambiental, prestando serviços para a empresa Nexos Ambientais Consultoria.

Ricardo Gauche, Universidade de Brasília

Professor Associado do Instituto de Química da Universidade de Brasília, bacharel e licenciado em Química pela Universidade de Brasília, possui Mestrado em Educação (Metodologia de Ensino de Química) pela Unicamp (1992) e Doutorado em Psicologia (Cultura e Desenvolvimento) pela Universidade de Brasília (2001), tendo, tanto na dissertação quanto na tese, o professor como sujeito da pesquisa. Tem experiência na área de Ensino de Química, com ênfase na formação de professores, atuando principalmente nos seguintes temas: formação inicial, formação continuada e autonomia do professor; autoestima; pesquisa colaborativa; materiais de ensino; currículos e programas; avaliação; processo ensino-aprendizagem; e inclusão.

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Publicado

2024-11-15

Edição

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