Filosofia da Química como um Fundamento Teórico da Educação Química
DOI:
https://doi.org/10.56117/resbenq.2024.v5.e052424Palavras-chave:
Filosofia da Química. Filosofia do Ensino da Química. Fundamentos QuímicosResumo
A inclusão da Filosofia da Química, campo disciplinar emergente nos anos 1990, como item de avaliação no Enade pelo Inep, consolida o reconhecimento da importância que esta área possui para a Educação Química brasileira. Logo, é um tempo necessário para pensar contribuições deste marco epistemológico para o sistema pedagógico da Química, nomeadamente a Formação, Didática, Currículo e a Pesquisa. Para tal, explicitamos o debate da Filosofia da Química e aproximamos com a literatura em Educação Química para identificar problemas e questões genuínas da práxis Química. O conceito de Práxis é retirado das construções teóricas de Habermas e sua teoria dos interesses humanos básicos, que possibilitam pensar o interesse técnico, prático e emancipatório e suas adaptações ao currículo. No cruzamento das literaturas identificaram-se paradoxos, conflitos teóricos, falsos problemas, descrevendo um quadro de tensões e antinomias inscrita na práxis Química e ainda buscando descrever padrões didáticos da química inscrita na transmissão da própria História e Filosofia da Química. Um objetivo subjacente e condutor da pesquisa é encontrar novas perspectivas e visões sobre a práxis química e, por fim, uma construção de uma agenda renovada para a Educação Química. Finaliza por propor a formação de dois campos disciplinares novos, a Sociologia da Química e Filosofia da Educação Química, como necessários para fazer frente aos desafios de integrar uma dimensão crítica e emancipatória à formação Química e uma agenda renovada para a Educação Química inspirada por sua inscrição filosófica.
Referências
Abiquim. (2022). O desempenho da Indústria Química Brasileira.
Bachelard, G. (1976). Filosofia do Novo Espirito Cientifico. Portugal: Presenca.
Bachelard, G. (2009). O Pluralismo Coerente da Química Moderna. Contraponto.
Baird, D. (1999). Encapsulating knowledge: the direct reading spectrometer. Foundations of Chemistry, New York, v.2, n.1, p.5-46.
Balaban; Klein, D. J. (2006). Is chemistry the central science‘? How are different sciences related? Scientometrics, [S.l.], v.69, n.3, p.615–637.
Bensaude-Vincent, B. La chimie: um statut tou jours problèmatique dans la classification du savoir. Revue de synthèse, 115(1), 135-148, 1994.
Bensaude-Vincent, B., & Stengers, I. (1992). História da Química. Lisboa: Instituto Piaget.
Bensaud-Vincent, B. (2009). The chemists style of thinking. Ber.wissenschaftsgesch, [S.l], n.32, p.365–378.
Bernal, A.; Daza, E. E. (2010). On the epistemological and ontological status of chemical relations. HYLE, Berlin, v.2, n.2.
Bruce king, R. (2000). The Role of Mathematics in the Experimental / Theoretical / Computational Trichotomy of Chemistry. Foundations of Chemistry. New York, v.2, p.221-236.
Caldin, E. F. (1959). Theories and the development of Chemistry. The British Journal for the Philosophy of Science, [S.l], v.10, p.209-222.
Castro, J. (2013). O pensamento matemático na pesquisa e no ensino de química. (Trabalho de Conclusão de Curso) - UESB, Jequié.
Chamizo, J. A. (2007). El curriculum oculto en la ensenanza de la química. In: JACOB, Bachelard, C.; E., Scerri (eds.). La essencia de la química. México: Universidad Nacional Autónoma de México.
Chamizo, J. A. (2013). Technochemistry. One of the Chemists Way of Knowing. Foundations of Chemistry, vol. 15, no. 2, pp. 157–170.
Del Re, G. (2001). Ethics and Science. HYLE, Berlin, v.7, n.2, p.85-102.
Deleuze, Gilles. (1999). Bergsonismo. Tr. Luiz Orlandi. São Paulo: Ed. 34.
Duhem, P. (2002). Mixture and chemical combination, and related essays. Dordrecht: Kluwer.
Earley, J. (2004). Would introductory chemistry courses work better with a new philosophical basis? Foundations of Chemistry. New York, v.6, p.137-160.
Earley, J. (2012). A New Idea of Nature for Chemical Education. Science & Education, New York, Online first, 29 jul.
Formosinho, S. (1987). Uma perspectiva heurística para o ensino da química. Rev. Port. Quim. [S.l], v.29, p.161-183.
Formosinho, S. (2008). A importância do conhecimento tácito em química: um tributo a Alberto Romão Dias. Bol. Soc. Port. Quim, Lisboa, v.108, p.15-24.
Gibbons, M et al. (1994). The new production of knowledge—the dynamics of science and research in contemporary societies. London: Sage.
Gois, J. (2012). A significação de representações química e a filosofia de Wittgenstein. (Tese de Doutorado) - Universidade de São Paulo, São Paulo.
Habermas, I. (1982). Conhecimento e interesse. Rio de janeiro: Zahar.
Harré, R.; Llored, J. (2010). Mereologies as the grammars of chemical discourses. Foundations of Chemistry. New York.
Hoffmann, R. (2007). O mesmo e o não-mesmo. São Paulo: Unesp.
Hoffmann, R. (2007a). What Might Philosophy of Science Look like If Chemists Built It? Synthese, New York, v.155, n.3, p. 321-336.
Humboldt, W. v. (1997). Sobre a organização interna e externa das instituições científicas superiores em Berlim. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1997
Izquierdo, M., & Aduriz-Bravo, A. (2005). La ensenanza de los componentes prácticos y axiológicos de los conceptos químicos. In M. T. Cabre & C. Bach (Eds.), Coneixement, llenguatge i discurs especialitztat (pp. 325–345). Barcelona: Institut Universitari de Linguística Aplicada (UPF)/Documenta Universitária.
Jacob, C. (2001). Analysis and Synthesis, interdependent operation in chemical language and practice. HYLE, Berlin, v.7, n.1.
Jesus, A. M. P. A (2023). Inserção do Ensino de Química na Área Brasileira de Educação em Ciências: Considerações Baseadas em um Perfil Métrico (1996-2018). Alexandria: R. Educ. Ci. Tec., Florianópolis, v. 16, n. 1, p. 31-62, maio. 2023.
Knight, D. (1992). Ideas in chemistry. New Brunswick, NJ: Rutgers University Press,
Kovac, J. (2002). Theoretical and practical reasoning in chemistry. Foundations of Chemistry. New York, v. 4, p. 63-171.
Kovac, J. (2006). Professional ethics in physical science. In: BAIRD, E. Scerri; MCINTYRE, L., (eds.). Philosophy of Chemistry: Synthesis of a New Discipline. Boston Studies in the Philosophy of Science, v. 242, Dordrecht: Springer, p.157-169.
Khun, T. (1996). The structure of scientific revolutions. 3. ed. Chicago.
Lamża, L. (2010). How much history can chemistry take? Hyle, Berlin, v.16, n.2, p.104-120.
Lima, C. M. C. F.; Silva, J. L. P. B. (2021). Classificação das Substâncias Químicas: um conceito pouco explorado no ensino químico. Educação, Química Nova, v. 44, ed. 4, p. 484-492.
Miguel, A. (2005). História, filosofia e sociologia da educação matemática na formação do professor: um programa de pesquisa. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 1, p. 137-152.
Moradillo, E. F. (2010). A dimensão prática na licenciatura em química da UFBA: possibilidades para além da formação empírico-analítica. 2010. Tese de doutorado. Universidade Federal da Bahia.
Nascimento, J. S (2019). Filosofia da classificação no Ensino de Química. Trabalho de conclusão de curso. UESB.
Needham, P. (2010). Transient things and permanent stuff. Australasian journal of philosophy. [S.l], v.88, n1, p.147-166.
Pires, D. G. (2021). O fisicalismo redutivo no sistema pedagógico da Química. Dissertação de mestrado. UESB.
Polanyi, M. (1958). Personal Knowledge: Towards a Post-Critical Philosophy. Chicago: The University of Chicago Press.
Polanyi, M. (1966). The tacit dimension (first published Doubleday & Co, 1966. Reprinted Peter Smith, Gloucester, MA.
Ribeiro, M. A. P. Integração da Filosofia da Química no currículo de formação inicial de professores. Contributos para uma Filosofia do ensino, 2014. Tese Doutorado – Universidade de Lisboa, Lisboa, 2014.
Ribeiro, M. A. P. Perspectivas não fisicalistas na didática da química. Educació química, (29), 28-32. 2021.
Santana, T. S. S. (2024). O ensino do sistema de classificação da química. Dissertação de mestrado. UESB.
Scerri, E. (2007). Reduction and emergence in chemistry—two recent approaches. In Proceedings of the philosophy of science association.
Schummer, J. (1998). The chemical core of chemistry I: A conceptual approach. Hyle, 4-1, 129–162.
Schummer, J. (1999). Coping with the growth of chemical knowledge: Challenges for chemistry documentation, education, and working chemists. Educacion Quımica, 10(2), 92–101.
Schummer, J. 2008. Matter versus Form, and Beyond. in: Stuff: The Nature of Chemical Substances, Klaus Ruthenberg & Jaap van Brakel (eds.): Würzburg: Königshausen & Neumann, pp. 3-18.
Seibert, C. (2001). Charley Peirce’s head start in chemistry. Foundations of Chemistry, 3(3), 201–206.
Sjostrom, J. (2006). Beyond classical chemistry: Subfields and metafields of the molecular sciences. Chemistry International, 28(September–October), 9–15.
Stein, R. L. (2004). Towards a process philosophy of chemistry. Hyle, 10-1, 5–22.
Talanquer, V. (2011). Química agazapada. In: J. A. Chamizo (Ed.) Historia y Filosofía de la Química. Ministério da Educação e Cultura (MEC). México: UNAM
Van Aalsvoort, T. J. (2004). Logical positivism as a tool to analyze the problem of chemistry’s lack of relevance in secondary school chemical education. International Journal of Science Education, 26, 1151–1168.
Van Berkel, B. (2005). The structure of current school chemistry: A quest for conditions for escape. Tekst. Proefschrift Universiteit Utrecht.
Van Brakel, J. (1997). Chemistry as the science of the transformation of substances. Synthese, 111(3), 253–282.
Van Brakel, J. (1999). On the neglect of the philosophy of chemistry. Foundations of Chemistry, 1, 111–174.
Van Brakel, J. (2000). Philosophy of chemistry. Between the manifest and the scientific image. Leuven: Leuven University Press.
Whitehead, A. N. The aims of education and olfher essays. The Free Press (Iedição1929), 1967.
Publicado
Edição
Seção
Licença Creative Commons
Todas as publicações da Revista da Sociedade Brasileira de Ensino de Química estão licenciadas sob licença Creative Commons Attribution 4.0 International License. (CC BY 4.0).
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attributionque permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line(ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).