Implicações do Fisicalismo Redutivo no Sistema Pedagógico da Química
DOI:
https://doi.org/10.56117/resbenq.2024.v5.e052422Palavras-chave:
Fisicalismo redutivo, Sistema pedagógico da química, CurrículoResumo
O artigo examina o fisicalismo redutivo como uma ideologia no sistema pedagógico da Química e suas consequências para o currículo e a prática educativa. O fisicalismo redutivo é uma abordagem filosófica que propõe a redução de fenômenos de outras ciências à Física, entendendo esta como o campo científico mais fundamental. Embora essa abordagem seja pouco discutida, é relevante para o ensino da Química abrir um diálogo que discuta como uma estrutura ideológica autêntica como essa opera no currículo e de que forma isso implica no sistema pedagógico da Química, ao priorizar a redução de fenômenos químicos a teorias físicas, como a mecânica quântica, essa abordagem conduz ao desinteresse e desmotivação dos estudantes em relação aos conteúdos químicos. O fisicalismo redutivo reduz a complexidade da Química, que deveria ser abordada de forma mais pluralista e inovadora, e ignora a natureza dinâmica e criativa da ciência. Este enfoque conservador e mecânico, centrado em fórmulas e repetições, é resistente às mudanças curriculares propostas, como evidenciado por Van Berkel e outros pesquisadores. Para superar essas limitações, o artigo propõe diversas abordagens alternativas. Recomenda-se tratar a Química como um sistema linguístico, adotar uma visão dinâmica da ciência, utilizar conhecimentos tácitos e implementar uma abordagem interdisciplinar que integre Física, Matemática e Biologia. Essas propostas visam enriquecer o ensino, promovendo um ambiente acadêmico mais inclusivo e crítico e proporcionando uma compreensão mais ampla e integrada. A análise crítica do fisicalismo redutivo no contexto da Filosofia da Química e do sistema pedagógico busca evidenciar as implicações dessa ideologia e fomentar um ensino mais crítico.
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